CASA DE VALENTINA, por Lucila Zahran Turqueto: Rodrigo Cunha na Galeria Multipla de Arte

Rodrigo Cunha anda na contramão da maioria dos artistas de sua geração e encontra na pintura figurativa a sua plena expressão. Os seres solitários e desajeitados que compõem suas pinturas provocam no espectador estranheza e fascínio.

Paulo Sergio Duarte, curador da 5ª Bienal do Mercosul e um dos mais influentes críticos de arte do país, escreveu sobre artista: É preciso pensar essa pintura um pouco mais longe dos ricos elementos existenciais que ela nos fornece. Mais distante de toda essa narrativa extremamente concisa e atual. Esse realismo oblíquo consegue sublinhar de modo, sem exagero, formidável, todo o drama da representação do espaço e povoá-lo com figuras humanas de modo contemporâneo. Era muito mais fácil pintar o anjo com a Madonna na Anunciação no renascimento que hoje retratar um ser adunco mal vestido em trajes de noite. Nenhuma representação do vazio está melhor retratada, nem mesmo nas inúmeras telas brancas da história moderna que essa pintura. Por uma razão muito simples: trata-se de um pintor que acredita na verdade e esta seria possível ser retratada. Corrijo-me, as naturezas mortas de Morandi são pares poderosos das figuras abstrusas de Rodrigo Cunha.