Entrevista: Fetiche Design para Casa

Casa de Valentina - Fetiche design para Casa - fachadaAdorei! Sim, é isso mesmo, já gostava muito do trabalho da Fetiche Design para Casa, mas agora, depois de trocarmos figurinhas posso dizer de boca cheia de sou fanzoca da dupla curitibana.

Vai com fé que a leitura vale a pena!

CV: No 2º ano da criação da Fetiche Design para Casa vcs foram finalistas do IF Awards. Valeu como uma chancela para a dupla de que vcs estavam mesmo no caminho certo?

FDC: Com certeza. Depositamos nessa primeira coleção todos os nossos ideais em relação à marca. A Coleção Primo Volo foi a primeira experiência com o nosso mercado, nossa primeira produção, nosso primeiro investimento. Nós havíamos criado bastante para outras marcas, mas agora estávamos lançando o nosso produto com a liberdade que buscávamos. Ser finalista de um dos maiores prêmios de design do mundo com nosso primeiro lançamento foi um reconhecimento e sem dúvida foi muito empolgante.

Casa de Valentina - Fetiche Design para Casa (4)

Casa de Valentina - Fetiche design para Casa - cadeira

CV: Uma das principais características da Fetiche é a liberdade que tem em trabalhar com diferentes materiais e formas. Mesmo assim, enxergam algumas características sempre presentes nas criações de vcs?

FDC: Se você analisar nossas peças vai perceber que construtivamente e esteticamente elas são absolutamente limpas. Não podemos dizer que são assépticas como um cubo branco, longe de serem minimalista também, no entanto, procuramos imprimir personalidade na mistura de materiais ou até mesmo em um detalhe como as pernas de fora da Cadeira Urbana.

CV: Com o sucesso do design brasileiro no exterior, vcs perceberam um interesse maior das lojas nacionais em valorizar e comercializar a nossa produção?

FDC:Poucos lojistas brasileiros têm uma visão à frente do que sai na mídia, ou seja, pouquíssimos valorizam um design nacional e apostam na peça antes de sair em revistas, blogs e etc. No geral o design escandinavo - ou o design brasileiro com cara de escandinavo - e os clássicos de design estrangeiros são muito valorizados no Brasil, o que dificulta um olhar mais atento sobre produtos inovadores, com desenhos mais vanguardistas e com uma identidade nacional, se é que ela existe.

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CV: Mesmo que lentamente, as empresa brasileiras começam a admitir a importância do design e algumas começam até a estruturar seus departamentos de desenho e estilo. Vcs acreditam que a longo prazo essa mudança impacte também na forma como consumimos design hoje em dia?

FDC: É estranho dizer “Eu consumo design”, porque na verdade qualquer produto que foi produzido e está no mercado, de uma forma ou de outra foi projetada, ou seja, tem design. A diferença é se esse design é bom ou ruim. Se esse design oferece uma boa ergonomia, se tem um processo sustentável na produção e se esteticamente se destaca e agrada: sendo assim ele tem um bom design. Se as indústrias brasileiras começam a se importar com o “bom” design, nós teremos cada vez mais no mercado produtos de melhor qualidade, os consumidores ficarão mais exigentes e certamente deixarão de lado aquele produto mal projetado e com preço similar. Um produto com um bom design não precisa ser mais caro, isso pode ser revertido em volume de vendas, porque um bom design vende. Esse é o grande desafio dos industriais, desenvolverem produtos com um bom design sem onerar na ponta o preço final para o consumidor.

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CV: Na lógica neural e anárquica da web, onde vcs buscam inspirações?

FDC: Consumimos muita informação de blogs estrangeiros de design como Contemporist, Design Milk , Mocoloco, Designboom, NotCot , Core77, Fubiz, Yatzer, Design You Trust e Casa de Valentina - Fetiche design para Casa - temperosetc. Seguimos uma lista infindável de sites de estúdios estrangeiros de design, para acompanhar o andamento das coleções e o que está saindo de novo no nosso mercado. Somos muito curiosos e isso nos toma bastante tempo e só na web para conseguirmos acompanhar em tempo real isso. Adoramos os blogs de moda de rua, The Sartorialist e Garance Doré, são muito inspiradores em todos os sentidos. Youtube e Twitter nos abastecem de informação sobre a cultura de massa e tendência de consumo. Conferimos também os sites das revistas virtuais de decoração brasileiras e os blogs BemLegaus do nosso conterrâneo MonteJorge, o Allex in Casa e o Casa de Valentina, claro, entre outros.

Dito e feito. Valeu a pena e leitura não é mesmo? Então agora fiquem com um clipe bem bacana feito para o banco R540, o mesmo que fotografei no Museu da Casa Brasileira.

4 comentários:

  1. Sempre pensei bastante sobre a questão do design em mobiliário aqui no Brasil. Acho muito interessante ler essa entrevista com eles, pois achei os produtos muito interessantes e mostram muita criatividade principalmente naquele vídeo, que ficou muito legal.
    Já trabalhei em escritórios que desenhavam móveis para clientes, mas sempre sem qualidade, sem ter conhecimento do que era feito. Resolvi, então, estudar isso. Coloquei a mochila nas costas e fui rumo a Milão. Fiz um curso de desenho de mobiliário, produzimos peças, estudamos tudo que fosse relacionado. Resultado: voltei ao escritório que estava, fiquei um mês e fui embora. Ninguém deu a mínima importância em fazer algo melhor e eu agora fico em casa desenhando. hehehe
    Acho que para os brasileiros terem consciência sobre a importância do design ainda leva tempo, até porque é difícil trabalhar com isso aqui. As faculdades não disponibilizam espaços com boas máquinas e materiais para criação de protótipos, as empresas que o fazem são caríssimas e o mais importante é que o preço do produto para o consmidor final fica muito alto, o que inviabiliza todo o processo. Acho que é um ciclo vicioso que será mudado lentamente, mas com muita qualidade, pois os designers brasileiros estão cada vez mostrando produtos com identidade própria.
    Beijos

    http://utilidadesemcasa.blogspot.com/

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  2. Passei por situação parecida com a de Fran. Trabalhei numa empresa q produzia móveis sob medida, via tantas oportunidades serem desperdiçadas... Não queriam investir num produto diferenciado, preferiam copiar dos outros mesmo... Enquanto continuarem entendendo design como aparência, não tem jeito. Tentei explicar inúmeras vezes, mas não adiantou. Saí pra tocar meus próprios projetos, isso sim. Parabéns à Fetiche Design! Vcs me inspiram e me dão esperança! :)

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  3. Amei os fantasminhas, fofos!!!!!

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  4. Achei bem interessante e verdadeira a entrevista. Precisamos de mais artistas assim. Parabéns Fetiche! Ricardo

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