Sabemos que hoje nossas cozinhas tornaram-se o coração das casas modernas, coisa inimaginável há 100 ou 200 anos, época em que eram locais barulhentos, esfumaçados e considerados sub-ambientes de uma casa.
Por causa desta mudança neste post quero falar de Catharine Esther Beecher e Christine Frederik, as primeiras pessoas que imprimiram um olhar científico as tarefas e obrigações do lar e que influenciaram, em muito, as cozinhas que vemos hoje.
Em seu livro “American Woman’s Home”, publicado em 1868, Beecher recomendava a construção de armários, prateleiras e gavetas para cada tipo de utensílio, o uso de uma mesa de trabalho com gavetas embutidas para economizar passos, sugeria um escorredor de pratos com ranhuras para jogar a água na pia e dava instruções sobre o uso de panos de prato, observando que eles deveriam ser pendurados em três ganchos separados perto da pia: um para os pratos que haviam recebido alimentos gordurosos, um para os alimentos não gordurosos e um para panelas e chaleiras.
De acordo com ela "uma dona-de-casa que prefere trabalhar sem algumas dessas conveniências e gastar o dinheiro economizado em enfeites para a sala de estar, tem o direito de fazer isso, e os outros têm o direito de pensar que ela não tem bom senso."
Já Christine Frederik foi responsável por muitas idéias contemporâneas sobre design de cozinhas que melhorou em muito a eficiência de nossas vidas. Seu "Household Engineering: Scientific Management in the Home", de 1919, era inteiro baseado em observações detalhadas da rotina das donas-de-casa.
Defensora entusiasmada do Taylorismo, ela usou o princípio da eficiência no piso das fábricas e o aplicou nas tarefas domésticas.
Sobre a lavagem de pratos, por exemplo, ela observou o seguinte: "depois do jantar lavo 48 peças de porcelana, 22 de prata e 10 utensílios e panelas, ou seja, 80 peças no total; e durante anos eu nunca percebi que fazia 80 movimentos errados somente na lavagem, sem contar outros na seleção, secagem e conservação. Como as outras mulheres, eu pensava que não havia como melhorar a velha tarefa de lavar pratos." Até que descobriu que o problema era a altura de sua pia, baixa demais. E calculou que a cada cinco polegadas a mais de altura que uma mulher, a pia deveria ser elevada em 2,5 polegadas, e que as mulheres deveriam esfregar os pratos com mais cuidado antes de enxaguá-los. Assim, uma operação de 45 minutos era reduzida para só 30.
A idéia central de Frederick permeia o design das cozinhas modernas, como base no triângulo de trabalho entre geladeira, fogão e pia. No projeto que fez para a moradia social de Frankfurt, com 1,9x3,4m e desenho determinados por um estudo ergométrico é até hoje considerado um triunfo modernista. E muitos elementos, como a superfície de trabalho em L, prateleiras de armários embutidos à altura da cabeça e exaustor acima do fogão continuam sendo características importantes das cozinhas modernas.
Achei essas informações bacanas, pois nos fazem lembrar que nossas casas não são somente um reflexo de nossas personalidades, mas tb, um resultado de séculos de histórias e conquistas.
E para nos animar e provar que tudo é possível, aqui vai um antes e depois:
Fotos: Arquitectura y Disenõ, Flickr OhhFood e Jamie Mares e Design Sponge.
Uau, que aula. Quero o livro e a segunda cozinha de brinde.... Muito bom saber a história das coisas, mesmo as mais cotidianas. Tenho percebido que os brasileiros - e nós blogueiras mais ainda - temos nos inspirado muito no estilo de morar norte-americano, principalmente na composição da cozinha. E temos percebido como muita coisa não é só questão de moda, mas de funcionalidade mesmo e isso é fruto de estudo e observação. Eu sempre achei bonitinho uma ilha na cozinha, ou pelo menos uma bancada de trabalho nas proximidades da pia e do fogão. O dia em que coloquei uma mesa com gavetas (na verdade uma velha escrivaninha) com esta finalidade, descobri que não posso mais viver sem isso e nunca entendi porque não usamos desde sempre. É, vivendo e aprendendo, inclusive com os outros, certo? Bj
ResponderExcluirInteressantíssimo essa postagem Lucila,
ResponderExcluirSabe se esses livros ainda são publicados e onde posso encontra-los? Ambientes projetados considerando a ergonomia têm essa vantagem de facilitar a vida de quem os usa. Parabéns pelo fantástico texto.
Bjos
Carol Mendonça
Amei a segunda imagem,gosto de prateleiras na cozinha...
ResponderExcluirBeijos
Nossa, amei! Uma verdadeira aula!! A cozinha é o coração da casa, merece todo este empenho mesmo!
ResponderExcluirBjsss e excelente final de semana!
Voltei, aqui é meu lugar favorito!Muito bom gosto,e informação.
ResponderExcluirObrigada pelo carinho de responder-me em relação as atualizações,tá lembrada?
Bjinhos!
Que matéria interessantíssima! E adorei a segunda cozinha, diferente do que costumo ver por aí... Beijos!
ResponderExcluirLindo post. Você começou falando que atualmente as cozinhas estão se tornando o coração das casas... Isso e' uma busca ao passado pela verdadeira alma de um lar. Ainda existem no interior do norte da Franca casas bem antigas onde a cozinha era central e aberta, totalmente domínio da deusa Ceres. Isso e' que eu realmente chamo de "coração da casa" !
ResponderExcluirE aqui na Holanda cada vez mais casas tem as cozinhas abertas e se tornam cada vez mais funcionais e refinadas. Ja são os lugares preferidos de uma casa durante festas e acredito que no futuro ganharão mais importância ainda. Os holandeses também gostam de cozinhas com prateleiras para livros de culinária e janelas com luz do sol para disporem seus vasos de ervas e flores. E colocam sempre algumas pecas de arte (quadros, esculturas) para enobrecer ainda mais essa área tão valiosa da casa.